Artigo - Oduvaldo Donnini
PALÁCIO DE CAMPOS ELÍSEOS:
UTILIZAÇÃO TOTALMENTE EQUIVOCADA. MIOPIA ADMINISTRATIVA DO GOVERNO DO ESTADO
Foi anunciado pelo governador Geraldo Alckmin, após uma reforma que custou aproximadamente 20 milhões de reais, durante quatro anos, por meio da Secretaria da Cultura, a restauração do Palácio de Campos Elíseos, antiga sede do governo paulista, no centro da cidade.
O prédio foi projetado pelo arquiteto alemão Matheus Häusler e a obra teve início em 1890 e foi finalizada em 1899. A construção de 4.000 metros quadrados foi inspirada na arquitetura francesa do Castelo d'Écouen e se tornou sede do governo do Estado de 1915 até 1965, ocasião em que foi transferida para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi.
O Palácio de Campos Elíseos, de inegável beleza e preservação da cultura nacional, passará a ter um Centro Nacional de Empreendedorismo de Inovação e Tecnologia com start-ups, ensino, coworking e também museu, além do governo estabelecer uma parceria com o Sebrae.
Embora a notícia seja, à primeira vista, boa, demonstra total falta de percepção da real necessidade da população paulistana e brasileira, pois duas outras opções seriam muito mais vantajosas, senão vejamos. A primeira delas seria tornar o palácio o maior museu da América Latina e não apenas um centro histórico para exposições e desfiles.
Ao invés de fazer o acordo com o Sebrae nesse local histórico, o que poderia ser feito em qualquer outra parte da Capital, uma parceria com o Masp, que detém um dos acervos mais valiosos do planeta, além de outros museus importante do resto do mundo, faria maior sentido, pois as centenas de obras escondidas nos porões do Museu de Arte de São Paulo poderiam ser expostas permanentemente, o que atrairia milhares de turistas do mundo inteiro, com a efetiva revitalização do centro de São Paulo.
A segunda opção seria o retorno da sede governamental para o Palácio de Campos Elíseos, a exemplo do que fez a prefeitura, quando saiu do Ibirapuera e foi para a região central, no Edifício Matarazzo. Eventual argumento de que o espaço seria insuficiente é falacioso, visto que é notório o número exagerado de servidores no governo.
Além disso, se preciso fosse, existe
uma gama imensa de prédios abandonados no centro que serviriam para acomodar
funcionários que não coubessem em 4.000 metros quadrados. Simultaneamente, o
Palácio dos Bandeirantes seria transformado no maior museu do Brasil, com a
parceria aqui proposta com o Masp e outros museus do mundo. Não tem qualquer
sentido a sede do governo continuar no Morumbi quando se pretende, ao menos há
quatro décadas, a revitalização do centro. A nova utilização do lindo palácio
paulista é uma lástima administrativa e absoluta falta de visão.
O. Donnini, advogado e jornalista